FRUSTRAÇÃO EM CABO FRIO / Setores ligados ao Turismo lamentam baixo faturamento durante o Carnaval

Cerca de 300 mil pessoas estiveram no município nos dias de folia, mas o fluxo de visitantes não resultou em lucro para os empresários que apostavam em aumento nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado, que foi considerado um dos mais fracos em termos de lucro


Apesar de Cabo Frio ter ficado movimentado durante todos os dias de Carnaval, comerciantes de setores que dependem do Turismo não se mostram muito satisfeitos com o balanço realizado após o período de folia.

De acordo a Secretaria de Turismo do município, cerca de 300 mil pessoas visitaram Cabo Frio durante os dias de festejo, mas o fluxo de visitantes não resultou em lucro para os empresários que apostavam em aumento nas vendas em comparação ao ano passado, que foi considerado um dos mais fracos em termos de faturamento.

De acordo com Carlos Cunha, presidente da Associação de Hotéis de Cabo Frio, apesar do índice de ocupação ter ficado acima do registrado em 2019, o Carnaval deste ano não representou aumento no lucro de hotéis e pousadas do município:

“Atingimos 85% de ocupação em nossa rede hoteleira, enquanto em 2019 não passamos dos 70% durante o mesmo período. No entanto, os estabelecimentos só conseguiram vender pacotes com apenas três diárias, ao invés das cinco diárias vendidas tradicionalmente. Além disso, os valores despencaram, com redução de 20% nas diárias, o que representa uma média de R$ 300 por pernoite. Esse ano, nosso público foi composto principalmente por visitantes do Rio e grande Rio (Baixada Fluminense), Minas Gerais e interior de São Paulo. As maiores reclamações giraram em torno da limpeza, do excesso de ambulantes, da ocupação exagerada das areias das praias por barracas e vendedores, a sensação de insegurança e o trânsito” – detalhou Carlos Cunha.

Segundo Patrícia Cardinot, presidente da Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia) e do Conselho Comunitário de Segurança de Cabo Frio (CCS), o otimismo pré-Carnaval se transformou em frustração para boa parte dos comerciantes que pretendiam lucrar durante o período:

“Nossos comerciantes realmente sentiram uma queda bastante acentuada nas vendas. Na visão dos empresários, a cidade até apresentou um movimento razoável, mas o fluxo de vendas foi muito abaixo do esperado, com poucas pessoas consumindo. Embora os blocos tenham voltado a circular no Centro e na orla, não resultaram em um aumento de vendas para os comerciantes, conforme era o esperado. Vale observar que muitos visitantes que chegam em ônibus de excursão trazem absolutamente tudo de suas cidades, desde alimentos, bebidas e até papel higiênico. Deixo aqui minha sugestão aos vereadores para que o município crie alguma medida que restrinja esse tipo de atitude, conforme fizeram em Arraial do Cabo, onde muitos visitantes chegavam a trazer botijões de gás em ônibus de turismo. É preciso compreender que se trata de uma cadeia de consumo, que os comerciantes dependem diretamente do lucro durante a alta temporada para manter seus estabelecimentos funcionando” – declarou a presidente da Acia.

 

COMERCIANTES DA VILA NOVA, UM DOS PRINCIPAIS REDUTOS DE TURISTAS, LAMENTAM FLUXO DE VISITANTES ABAIXO DO AGUARDADO

Rafael Soares, um dos sócios do Restaurante Vilage, localizado na Vila Nova, um dos principais pontos de concentração de turistas em Cabo Frio durante a alta temporada, revelou que chegou a reduzir o expediente previsto para os dias de folia devido a falta de clientes no estabelecimento. Apesar da frustração, ele garante que alguns aspectos positivos merecem ser destacados para que sejam mais bem trabalhados nos próximos anos:

“O movimento no restaurante foi 35% menor do que o registrado no Carnaval do ano passado, que também foi bastante fraco. Para se ter uma ideia, pretendíamos funcionar todos os dias servindo almoço e janta, mas acabamos deixando de abrir durante algumas noites do Carnaval em função da falta de clientes nos dias anteriores. Aqui na Vila Nova, todos os comerciantes com quem eu converso se dizem insatisfeitos com o movimento. Em termos de lucro, o Carnaval foi um completo desastre, mas temos que tirar o chapéu para a iniciativa de liberar a volta dos trios elétricos no Centro e na orla da Praia do Forte. Acredito que é preciso manter esse modelo e divulgar mais para que a gente volte a ter um Carnaval lucrativo como tínhamos há alguns anos” – avaliou Rafael.

Adonay Nazareth Silva, presidente da Associação de Donos de Casas de Hospedagem da Vila Nova (AILHA), já esperava um movimento abaixo do esperado nos imóveis que tradicionalmente ficam lotados de turistas de Minas Gerais durante a alta temporada, e apontou diversos fatores para esse fenômeno:

“O movimento menor já era esperado pela associação. Temos aproximadamente 150 imóveis legalizados, entre casas, hospedarias e hostels, e nossa taxa de ocupação ficou entre 70% e 75%. Esse baixo índice se deve muito às chuvas que vieram com grande intensidade no estado de Minas, a crise financeira que ainda assola o país e, principalmente, a ascensão do Carnaval em Belo Horizonte, que desde o ano passado, fez com que nossos principais clientes preferissem permanecer em Minas. De acordo com nosso levantamento, cerca de 100 mil turistas mineiros trocaram o Carnaval de Cabo Frio pelo de Belo Horizonte” – detalhou.

Apesar do faturamento ter ficado abaixo do esperado, Adonay também fez suas ressalvas com relação à aspectos positivos do Carnaval deste ano, mesmo apontando erros cometidos pelo governo municipal:

“Infelizmente, a falta de divulgação prévia afetou no que diz respeito à reservas com antecedência. No entanto, quero deixar um elogio ao secretário de Turismo, Paulo Cotias, que fez o que podia para tentar organizar uma cidade que está à deriva no que tange a administração pública. Cabo Frio precisa aprender a explorar o turismo e não o turista. Somos muito amadores no que diz respeito à Turismo. No decorrer das últimas décadas, a cidade se acostumou a gerir o Turismo para meia dúzia de empresários ganharem dinheiro no verão, e não se importavam com o restante da cidade, algo que foi sendo estabelecido com apoio e conivência dos governos anteriores” – criticou o presidente da AILHA.

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